quinta-feira, 12 de junho de 2008

Nem tudo é como o outro quer

Foi no sábado, as pessoas se aglomeravam, se juntavam, se aproximavam, se espezinhavam por um espaçozinho, uma lajotinha, um paralelepipedo, para contemplar - algumas coisas são para serem contempladas e não assistidas – ao show de Milton Nascimento e do Trio Tom Jobim, o engraçado é que o trio tinha quatro integrantes e com o Milton cinco, estranho quinteto-terceto. Efim, estavamos lá, eu e uma amiga, cada qual com sua breja, encaixotados na multidão. Havia espaço, julgando pelo aglomerado, caberiam mais quatro ou cinco pessoas ao redor de nós. Subiu uma vontade em mim, minha cabeça apitou, fumar. Eu fumo, confesso, sou adepto dessa chupetinha do diabo, mas gosto é gosto, não é algo discutivel, ponto. Peguei meu cigarro, acendi e comecei a apreciar meus cinco minutos de introspecção e prazer; estava ao ar livre, o momento era reflexivo e o melhor, n ã o ha vi a pla cas : NÃO FUME!, PROIBIDO FUMAR!

Comecei a curtir alí, aquele cigarrinho, gostozinho, que aliviava minhas tensões do dia, e além disso, liberava cerotonina em meu cérebro desconjuntado. Estavam lá: eu, minha amiga, minha ceva, e meus pensamentos fluitivos de botões. Até que, uma moça me olha meio estranho e não contente papagueia:

- Aí cara, apaga esse cigarro, pára de fumar!

- Não! Eu estou em local público e ao ar livre. – que mulher chata, sem educação!!!!

- Têm um monte de gente aqui, você devia respeitar, APAGAGA esse cigarro.

- Não! O local é público e não há placas, estamos ao ar livre, os incomodado que se mudem. – Vai te catar, o que você pensa, eu já respeito a classe de não-fumantes em local fechado, não vou apagar, se você fosse no mínimo educada, eu teria apagado.

- Ah! Me respeita e se encherga, eu tava aqui primeiro, saí você e respeita o povo.

- Querida, eu não vou discutir com você, o caso aqui não merece discussão. – Ela virou pra frente, graças a Deus, vou continuar a fumar, que vontade de jogar uma baforada nessa mulher, mas não, mantenha a calma, trague profundamente e solte sua fumacinha desprazerosa para cima, vamos, calma, isso....

- Moço, APAGA esse cigarro, tem um monte de gente aqui, vai, vai! Como você é desagradável.

- Eu não vou discutir isso com você, eu estou ao ar livre, livre.- Vai embora ou me deixa em paz. Foi. Isso. Fica aí sua malumorada, com esse bico de tucano que eu vou continuar aqui, com meu cigarrets.

Eu e Mari, minha amiga antes não nomeada, continuamos alí, sem falar nada, eu fumando e Mari a contemplar o show. Eu perdera todo o foco durante aquela batalha territorial, fiquei incomodado com a situação, eu quero paz.

Empurra daqui, puxa dalí, vamos pra cá, e pra lá, paramos e a Mariana fala:

- Toma cuidado ein, não vai fumar de novo, vai encomodar a mocinha.

- Nem me fale, será que ela vai me bater com um ferro na cabeça, igual o moço do Rio de Janeiro?

Mas, infelismente, o comentário da senhorita paz e amor me incomodou e só melhorou com um comentário vindo da família ao lado:

- Pai, quero ir embora, quem é essa Maria que você quer ver?